terça-feira, 16 de julho de 2013

Sobre amizades...

Um dia desses, numa conversa "informal" com uma grande amiga, consegui entender pelo olhar dela que o meu sofrimento se transformou, naquele momento, no seu sofrimento. E vi pelo seu sorriso que a minha alegria, depois de terminado o assunto pelo qual eu sofria, havia se transformado na alegria dela. Altos e baixos intensos em poucos dias sendo resumido em algumas horas e um filme que passava enquanto eu contava me mostrou a emoção da espectadora tão oscilante quanto a da personagem. E foi pensando nisso que refleti hoje sobre amizades.

Amizade é aquele vai e vem. Colégio, cursos, faculdade, trabalho, internet. Um mundo de gente que a gente conhece em muitas fases da vida. Num momento, você descobre que são parecidos, gostos parecidos, jeito de pensar parecido. E pensa "uau!!!! Que pessoa incrível!!!!". E de repente, não mais que de repente (como diria o poeta) um dos lados some. Você, ou "eu". Um vai atrás, mas o outro simplesmente não vê mais motivo para corresponder àquilo que foi, um dia, horas de papo, horas de lágrimas, horas de risada, enfim... uma "promessa" de amizade eterna, colorida, linda... um encontro raro, até. 

E qual o mistério? Bom... às vezes, algumas pessoas só estão preparadas para amparar quem está triste. E quando a vida do triste se ajeita e vira uma alegria imensa, com muitas realizações, o amigo sai de cena. Inveja? Há quem diga que sim; eu acredito que seja apenas a sensação inconsciente do outro em não saber lidar... é como se faltasse lugar para o ombro, como se os conselhos não coubessem mais e ele se sentisse "sem o que acrescentar". Como se o outro pensasse "agora não tem mais espaço pra mim". Balela, todo mundo tem algo a acrescentar, na alegria e na tristeza. Mas o amigo "das horas tristes" não se sente mais à vontade, de repente... é aquele que tem a palavra certa a seu favor, talvez nem saiba usar pra si em algumas situações, mas é incrível quando você precisa daquele ombro. Pode procurar essa pessoa, garanto que será toda ouvidos. Mas fique bem e perderá essa pessoa... talvez pra sempre. Não sei...

Em contra partida, há aqueles que só são pra brindar, mas que se você precisar, estiver passando por algum turbilhão, pode esquecer. Você está feliz? "Bora" comemorar. Bebemorar, rs. Se você está bem, a pessoa está na sua vida, faz parte dela, compartilha, se orgulha... agora... passe por um baixo no meio dos altos e baixos naturais da vida. A pessoa perde totalmente a paciência... às vezes, nem é a paciência é o tal "rebolado" de não saber o que falar... e some. Talvez, nem saiba como lidar com os baixos dela mesma e, por isso, faltem palavras de conforto (o tal ombro do parágrafo acima) e ela queira sim sair correndo. "Eu hein, tô fora de problemas". Pode ser que se esconda próprios problemas e desejar uma palavra de conforto beira uma "falta de respeito" para com o jeito dela. Consegue passar sempre a impressão de que problemas inexistem na vida dela e é uma pena pois ao não demonstrar nunca que precisa de um ombro, não aprende como se faz isso, em silêncio mesmo e é uma pena, porque poderia ser um ombro bem gostoso de apoiar - e, convenhamos, em muitas situações, só o ato de falar já nos faz enxergar um bocado de coisas e dispensa fala de outras pessoas. Em muitas situações, o som da nossa própria voz tem o dom de nos fazer ver... é um misto dos sentidos: nossa voz passando pelos nossos ouvidos e nos fazendo enxergar as sensações certas, "farejando" o que é preciso pra resolver um certo problema. Todos os sentidos juntos e misturados.  E só precisamos de um ombro pra derrubar algumas lágrimas... e aquela pessoa bela e alegre simplesmente se vai...


Amizade perfeita? Dentro da imperfeição da própria vida e do próprio conceito do que é ser humano, essa fica! Fica... fica e fica... às vezes vai e volta... fala bobagem, passa por perrengues, questiona, não gosta do que ouve, mas fica. Um dia sente que não vale a pena porque não caminha junto, o jeito de pensar não é o mesmo e um julga que sabe o que é melhor pro outro, mas de repente, reencontra o motivo porque valeu a pena lá atrás e ainda vale até hoje. E essas, as que duram e são de verdade, acreditem: se não sabe compartilhar a parte ruim um dia aprende. Se ficou, um dia aprende! E se não sabe lidar com a alegria do outro um dia também aprende! Em prol da companhia, em prol da evolução do outro, em prol de ver a felicidade do amigo e do amor que acaba por fazer o elo entre duas almas amigas, em prol dos apelidos, do abraço gostoso, do sorriso, do jeito de tirar sarro e de contar piada, das piadas sem graça (tenho várias, urgh) e de tantas outras coisas. E é por essas e outras que a vida é tão linda... o que seria dela sem os amigos? Quer seja os de brindar, quer seja os de aconselhar, quer seja os passam por nós rapidamente, quer seja os que ficam pra sempre em toda e qualquer situação...